Tudo é Caminho
Vejo agora que nunca me perdi no caminho,
Que tudo foi caminho.
Que nada me falta,
Jamais me pode faltar alguma coisa,
Porque sou tudo,
Faço parte de tudo.
E nesta imensidão de possibilidades deixo-me guiar
Pela Força da Vida que me move,
Sabendo que a terra que me sustenta também sou eu,
E que os meus ossos ficarão por mais tempo
Do que a memória dos meus desenganos.
Assim, agradeço por tudo;
Arrebatada por tudo, sorrio,
Nos meus olhos moram todas as viagens,
As que fiz, e as que ainda nem sonhei.
E de todas as lágrimas se fez também a história
Que o tempo há-de integrar.
Sou uma célula-mãe,
O uivo-nascente,
O sono profundo,
Pés firmes no caminho que se revela a cada momento.
O passado e o futuro cruzam-se,
Enquanto me movo, ou me aquieto observando outras tantas danças ao meu redor.
Não pertenço a lugar nenhum,
Porque sou todos os lugares.
Os elementos de que o meu corpo-terra-raiz-sopro é feito, não me definem.
Nada me define.
E um dia, num fragmento do tempo, uma luz,
Um delírio, uma visão,
Talvez o Grande Mistério sussurre o meu nome de novo.
Todos os caminhos, todas as escolhas,
Todas as vezes que brilhei no Amor,
E as tantas que também fui sombra,
Em todos os momentos fui infinito sem saber.
Fui tudo, e fui nada.
Abril 2020
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