Dar de beber ao amor
Dar de beber ao amor, em pequenas porções, como quem abre caminho entre o silvado, oferecendo a pele que há-de cumprir-se um dia em paraíso. Dar de beber ao corpo, pássaro de fogo e do silêncio, levantando voo devagar, enquanto a língua se enrola sobre si mesma, na celebração dos pequenos prazeres.
Dar de beber à alma, em rosa e verde, e em poesia.
Entardecer abraçado a noite, anoitecendo abraçando o mergulho do tempo que se desfaz mais um pouco.
Dar de beber à vida, atravessando os portais do tempo e da memória.
Oferecendo o néctar dos sentidos dando sentido a tudo, como quem tem sede e também é fonte.
A poesia também se bebe, melíflua e eterna expressão da magia.
2020
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