"Viajar é uma questão de atitude" India 2018
"Viajar é uma questão de atitude" - uma frase que li algures há muito tempo, e que me ficou na memória, ressoando cada vez mais dentro de mim.
Desde sempre, a minha "Donzela Aventureira" sonha em percorrer o mundo, em se misturar com as pessoas, em se perder e se encontrar no meio de novas paisagens, dando aos meus olhos o prazer de verem alguns lugares mágicos uma vez mais antes de se fecharem. Desde cedo era urgente por-me a caminho, e tantas vezes chorei, por dentro e por fora, pela frustração de não seguir o movimento da minha alma. Lembro-me de me dizerem que eu podia viajar sem sair do lugar, pois a minha capacidade de imaginar é muito forte, mas a pele não se convence desse argumento, viajar é tocar, sentir o vai e vem das emoções bem debaixo do nariz.
Aos poucos fui percebendo que o que me limitava não era a falta de dinheiro, não eram os outros, não era nenhum factor exterior, era eu mesma, e a necessiade que tinha em enfrentar os meus fantasmas tornou-se um desafio consciente, no qual ainda me sinto mergulhada.
É possivel viajar de várias formas, com escolhas para todas as bolsas, inclusivé bolsas vazias.
Tomando como exemplo uma situação de equilibrio, onde é necessário algum investimento, mas nada que não seja possivel para a maioria das pessoas.
Escolhido o destino, vale a pena fazer uma boa escolha entre as várias companhias aéreas e operadores, perde-se algum tempo mas pode poupar-se dinheiro.
Comprando a viagem com alguma antecedência, restam mais alguns meses para juntar mais dinheiro para os gastos durante a estadia. Dividindo assim os gastos é mais simples, e não há desculpas.
Nesta viagem escolhi a Travelgenio (http://pt.travelgenio.com/Air/Get/pt-PT/210) e correu tudo muito bem.
Esta foi a minha segunda viagem à India, a primeira em 2013 percorrendo várias cidades no Norte, com experiências de êxtase e de exaustão. Lembro-me de vários viajantes com os quais me cruzei me terem dito que era necessário voltar uma segunda vez à India para "limparmos" a primeira memória, uma espécie de "primeiro estranha-se e depois entranha-se".
Esta foi a primeira vez que viajei com o meu filho de 11 anos para um tipo de aventura como esta, por isso escolhi um destino mais calmo, e com mais garantias de segurança.
24 de Março a 8 de Abril: Caldas da Rainha - Lisboa - Paris - Bangalore - Trivandrum - Varkala: a viagem em si é longa, e há que contar com muitas horas de espera, mas os aeroportos onde fizemos escala, Paris-Charles de Gaulle, e o Aeroporto Internacional Kempegowda em Bangalore, India, têm as comodidades suficientes para aguardarmos pacientemente pelas ligações.
Em Varkala estava à nossa espera a minha amiga de londa data, a Sónia Indigo (http://soniaindigo.com/), residente nesta cidade há 6 anos, que nos recebeu com todo o cuidado na sua casa (Shakti Home Varkala - https://www.facebook.com/shaktihomestayvarkala/), o que tornou tudo mais familiar.
A praia de Varkala oferece um extenso areal, banhado pelas águas quentes do Mar Arábico, que à noite se transforma numa aparente cidade, tal a quantidade de luzes no horizonte.
Durante os primeiros dias podiamos ouvir toda a noite os sons vindos do Janardanaswamy Temple, onde decorria o principal festival do ano, que culminou numa celebração arrebatadora no final da semana. Um privilégio estar presente num momento destes, e todas as milnhas células celebraram de alegria.
Entre os passeios na praia, os banhos saborosos nas águas mornas do Mar Arábico, uma sessão de aquafloating na piscina tranquila do Akhil Beach Resort, pelas mãos da Sónia Indigo, a comida deliciosa do ABBA Restaurant & Everest German Bakery Varkala, as bençãos recebidas na praia por um sadhu amoroso, o ritual a Laksmi no Kuttikkattil Durga Devi Temple, banhos em fontes sagradas, honras ao Mar, à Lua, ao Sol, às Estrelas e a mim mesma, assim foi passando o tempo serenamente, numa Índia que sorria para mim a cada olhar.
No final da primeira semana subimos a montanha até kumili, onde pudemos caminhar numa reserva, acompanhados pelos sons dos animais, e onde nos enroscarmos carinhosamente com as grandes avós arvores que ali estão (http://www.periyartigerreserve.org/). Não faltou o passeio montados num elefante, o que me proporcionou uma experiência única, e que portanto não pretendo repetir, porque não me parace que essa seja a melhor forma de ajudar na proteção da espécie, valeu no entanto o banho final, com as crianças felizes, e a minha criança interior deliciada (Elephant Junction Thekkady).
No Kerala House Homestay fui recebida por um casal cuja energia refletia a paisagem que a varanda nos oferecia, a vista para a reserva, separada apenas por um muro, ondes os dias amanheciam silênciosos, numa beleza difícil de explicar. Para completar apareceram os macacos cinzentos, atrevidos, javalis, búfalos, aves, mangustos, um veado e para finalizar um grande macaco preto de personalidade distinta, que não se aproximou demasiado.
A energia única dos gerreiros no Kalari show - Kadathanadan Kalari & Navarasa Kathakali, trouxe a adrenalida de volta a este pequeno pedaço de paraíso, enraizando todas as minhas partículas.
Para sentir esta India na pele, valeu a viagem de 3 infinitas horas no autocarro, descendo a montanha que nos presenteava com paisagens de tirar a respiração, entre os extensos campos de chá, até montes e vales a perder de vista.
Esta Índia mágica fez-me perder a noção do tempo, mas o dia de regresso chegou, e depois de inspirar profundamente lá se passaram 2 dias até finalmente chegar a casa, com um balanço feliz, e com o coração agradecido por tudo e por todas e todos quanto se cruzaram amorosamente no meu caminho.
A Vida é um convite à Aventura, e quero ver se não me volto a esquecer disso.
Abril 2018